Varal de Cordéis Joseenses

Contato: prbarja@gmail.com

(Sugestões de temas são bem vindas!)



terça-feira, 6 de novembro de 2018

CJ 84 - Contradições da Cidade


A seguir, disponibilizamos a capa (feita por Claudia Regina Lemes) e a terceira parte (final) do Cordel Joseense 84, que destaca as contradições de uma cidade rica: São José dos Campos.




terça-feira, 30 de outubro de 2018

Sextilhas para Estatística (desarmar sempre é preciso)


Três pessoas caminhavam
por aquela rua estreita.
Uma só vota na esquerda,
outra vota na direita
e a terceira anula o voto.
Qual das três seria eleita?

Eleita por uma bala
perdida ou persecutória
que emprestava segurança,
vemos agora, ilusória
e aumenta nossa estatística
em amostra aleatória.

Aleatória, porém
planejada no congresso
- que aprovara, tempos antes,
  um projeto com sucesso
  para armar o cidadão
  com ordem, bala e progresso.

Não tinha dono essa bala,
mas a indústria armamentista
comemora o acidente
"tão desenvolvimentista".
Produz mais balas, então.
E o morto? Aumenta a lista.

A lista tem índio, negro,
mulher, criança e também
membros da diversidade
que não mataram ninguém.
Será mesmo aleatória
a bala? Reflitam bem.

Não peçam versos alegres
neste momento de dor.
Hoje o estoque foi zerado
por tiro e torturador.
Farei apenas silêncio.
Silêncio ensurdecedor.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

HALLOWEEN ANTECIPADO!


Numa noite de domingo
- e num país tropical -
muita gente percebeu
um estranho ritual
que era capaz de assustar
quase todo ser mortal.

Fantasmas quase esquecidos
saíram dos seus armários
junto a bonecos infláveis
de assassinos sanguinários
tomando conta das ruas
em desfiles temerários.

Bruxas andavam à solta,
loucas pra comemorar.
Uns faziam festa em casa,
outros iam para o bar
e a festa, gente, era dessas
sem hora pra terminar.

Um zumbi passou de carro:
com uma mão, dirigia
e, com a outra, rojões
ele acendia e erguia.
Quase que estourou a mão,
só por conta da euforia!

Vampiros, tomando a praça
(velho, jovem e menina),
enrolavam-se nas capas,
mandavam ver na buzina
- achei que ensurdeceria
antes de chegar à esquina.

Pediam sangue, os danados!
"O que fazer?", pensei eu.
Todo mundo que pensou
a mesma coisa, correu;
cada qual foi para um lado
e depressa se escondeu.

A TV cobriu a festa
- parecia até um show.
Um vampiro federal
a todos cumprimentou,
mas seu pronunciamento,
na real, não empolgou.

Veio a madrugada.Insone,
esperei amanhecer.
O tempo estava nublado
e não vi o sol nascer.
O celular deu problema
e eu não soube resolver:

o calendário, maluco,
pôs-se a marcar data errada!
Muita gente reparou,
mas ninguém entendeu nada.
Houve quem achasse graça,
mas não pude dar risada.

Uma certeza latente
tomou a gente e, por fim,
já na edição de segunda
os jornais deram assim:
"BRASIL, NA FRENTE DE TODOS,
ANTECIPA O HALLOWEEN!"

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Artigo novo sobre os Cordéis Joseenses - da Ciência à Resistência Cidadã


Acaba de ser publicado novo artigo, em parceria com a profa. Claudia Lemes, sobre a relação entre a produção cordelística, a ciência e a cidadania. Para ler o texto na íntegra, basta acessar o link abaixo: 

Cordéis Joseenses - da Ciência à Resistência Cidadã

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

CJ 83 - Quando é Tempo de Eleição


Arte de Lucaz Mathias (Cão)

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
o trânsito até piora,
de tanto que a toda hora
há uma inauguração:
vias, praças... por que não?
Mesmo a obra em andamento
recebe, em meio ao cimento,
uma placa bem bonita.
Por isso eu peço: reflita
sobre esse acontecimento.

Político de carreira
joga dinheiro pro alto:
tudo ganha novo asfalto.
Não precisa? Que besteira!
A claque agita bandeira
e seu troco vai ganhando.
Político passeando
acena muito, à vontade
- pintou oportunidade,
  sai logo cumprimentando.

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
todo semáforo é isso:
político que era omisso
vem apertar nossa mão.
Riscam a palavra “não”
lá do seu vocabulário;
prometem um dicionário
de coisas lindas e belas.
Acenam pelas janelas...
Pensam que o povo é otário!

E os santinhos? Quem aguenta?
Entopem até os bueiros.
Recursos eleitoreiros,
discursos que se requenta...
Tudo isso a gente enfrenta
exercendo a tolerância,
mas quero boa distância
de quem pressiona por voto,
pois não sou nenhum devoto
da pressa nem da inconstância.

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
se, na hora de almoçar,
a TV você espiar,
vai ter muita decepção.
Eu já dou a explicação:
é o horário eleitoral,
que pra mim pega bem mal
se não debatem propostas
- depois vão virar as costas
  pro eleitor, pobre mortal.

Número de candidato
é o que mais se enfatiza
só para ver se enraíza
no cérebro. Como é chato!
Parece até carrapato
grudando em quem menos pensa
e transmitindo doença:
a tal “desinformação”.
QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
pensar faz a diferença!

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
tudo é sentimentalismo:
“Mesmo que eu caia no abismo,
 vou defender meu rincão!”
Nós bem sabemos que não:
o sujeito fala assim
porque sabe que, no fim,
consegue mais uns votinhos.
Chega a pisar em espinhos
pra se eleger, vai por mim!

Alguns posam de bonzinhos,
mas são reis do preconceito:
não quero um desses eleito
com seus discursos mesquinhos!
Queremos novos caminhos:
respeito à diversidade,
livre expressão da vontade
e poder de decisão.
QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
queremos sinceridade!

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
tudo se escreve na areia;
eu acho uma coisa feia,
mas eles não acham não,
pois mudam de opinião
conforme seus marqueteiros,
que ensinam golpes certeiros
para agradar ao mercado,
deixando às vezes de lado
interesses brasileiros!

Velho sinal de campanha
é a dieta do político:
mastigando ansiolítico
como se fosse castanha,
aceita tudo que ganha,
repete almoço e até
as xícaras de café
toma doze sem demora...
depois diz “Não tenho hora
pra comer, sabe como é?”

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
muita coisa se promete:
em tudo “os cabra” se mete,
pra tudo tem solução...
mas, depois da apuração,
aí são outros quinhentos:
os preços sofrem aumentos,
surgem as dificuldades,
apaziguam-se as vontades,
e amontoam-se os lamentos.

Tudo isso nos desconcerta,
desanima e dá temor,
mas apelo ao eleitor:
investigue! Siga alerta!
Jamais adote a incerta
e insensata opinião
de achar que é tudo ladrão.
“Fora todos”? Não, diacho!
no meio de tanto escracho,
sempre se encontra exceção.

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
impressiona mal a mim
gente que só diz assim:
“Eu sou contra a corrupção!”
Não tem outro assunto não?
Esse papo é mais furado
que agenda de deputado
que na câmara só falta
e solta a desculpa incauta:
“É emenda de feriado...”

Candidato que se cala
sobre inclusão social,
mas acha muito normal
ir a jantares de gala,
não tem plano e nunca fala
sobre o apoio à Cultura,
quer voto na cara dura
mas comigo está ferrado
- e não voto no safado
  que elogiar ditadura!

QUANDO É TEMPO DE ELEIÇÃO,
fique atento à inconsistência
de quem defende a violência
e vem dizer que é cristão.
Esse não me engana não!
Não voto nem por decreto
em quem humilha os sem teto
e ofende mulher ou gay,
descumprindo assim a lei
- e ainda jura que é correto!

Por fim, pesquise direito
quem é candidato a vice,
pra não ouvir “eu te disse!”
depois de acabado o pleito...
Pra vice ruim não tem jeito:
pode até espernear
mas, pra não ter que aguentar,
melhor dizer “ELE NÃO!”
já bem antes da eleição
– não se pode bobear.


P. R. Barja

CJ 82 - Cordel do Serviço Social




O dia 15 de Maio
é uma data especial
em que a gente homenageia
um lindo profissional,
pois essa data é o dia
do Assistente Social.

Na faculdade, escutamos
professora e professor
que falam da profissão
com leveza e bom humor
- marcas de todo Assistente
  que trabalha com amor.

Afinal, o que queremos?
Desafios pra enfrentar:
não calar frente à injustiça,
tudo fazer pra mudar
e pra melhorar o mundo,
a cidade, o bairro, o lar.
(...)


- trecho inicial do cordel

sábado, 15 de setembro de 2018

Décimas para Gero

Com a vinda de Gero Camilo para a FLIM, aqui em São José dos Campos, era inevitável que a poesia se derramasse:


A Vida fica mais bela
e o Brasil, mais brasileiro
quando aqui nesse terreiro
aparece na janela
Adriana Couto. É ela,
sempre um sorriso no olhar,
que chega pra anunciar
um cabra que vale xilo:
o grande Gero Camilo
que veio nos visitar.

O Brasil é grande assim,
do Ceará à Paraíba:
vem por baixo, vai pra riba,
mora em você, mora em mim.
Esse Brasil não tem fim,
por mais que tenha inimigo;
nós protestamos, eu brigo,
posso até perder o centro,
mas trago sempre aqui dentro
o país que é meu abrigo.

Gero diz grande verdade
já no primeiro momento:
"Penso que o distanciamento
  me trouxe profundidade."
Poeta, canta à vontade
e acerta em nós sua seta.
Chama então outra poeta:
Maria Vilani diz:
“Grajaú é o meu país!”
Eis a verdade completa!

Mas poesia é mesmo time:
pessoal e coletiva.
Se mantém a voz ativa,
é em grupo que se redime.
Isso não é nenhum crime,
como posso constatar:
no interior e no ar
vive a poesia de Hilda;
quem traz Adélia é Zenilda
cotidiano a brilhar.

Beleza que não se inventa:
Paulo Freire segue em nós.
Maria aprumou a voz;
foi estudar aos 40!
Talento que assim se esquenta
é uma receita de bolo
que se improvisa e dá rolo
porém tem final feliz...
Essa mulher hoje diz:
“Eu sou a mãe do Criolo!”

“Minha primeira leitura
Foi um livro manuscrito",
disse Gero. Que bonito
é o processo da Cultura!
Biblioteca, que loucura:
pelo título escolhia
e, a cada livro que lia,
aprendia, o que é normal;
o seu referencial
ele aos poucos construía.

Percebeu assim, arisco:
faltava protagonismo
pra ele naquele abismo
de clássicos. Vida é risco!
“Quem sabe agora eu petisco,
lá na USP arrumo vaga...”
Poeta às vezes se caga,
porém não desiste não:
escreveu A Procissão,
que até hoje bem lhe paga!

Simplicidade é um dom
que pra sempre nos cativa.
Poeta vive à deriva,
mas isso pode ser bom.
Quando atua ou faz um som,
gera no peito escarcéu
e leva a gente pro céu
lendo quarteto e terceto;
comprou livro de soneto
com a grana do aluguel!

Nesse encontro literário,
meus versos eu ofereço
àqueles que não tem preço
e compõem meu relicário.
Gero é extraordinário
porque é próximo da gente.
Sua presença é um presente
e nos renova a esperança
de um Brasil que inda é criança
mas já fica experiente.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Cordéis Joseenses no I CONEFEA - Congresso Nacional de Educação

Em setembro/2018, os Cordéis Joseenses estiveram presentes no I Congresso Nacional de Educação - CONEFEA, promovido pela UNIVAP no Campus Urbanova. Tivemos uma mesa para exposição e venda de livros e cordéis, e no dia 5/set/2018 apresentamos um trabalho sobre os temas escolhidos pelos alunos em oficinas de cordel ministradas:



Clique AQUI para ler o artigo com o trabalho completo.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Conferência Livre em Cordel

     Neste mês de abril, estivemos no Pinheirinho dos Palmares, em São José dos Campos, onde participamos do Projeto Conferências Livres, etapa da Conferência Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente:

     A participação dos Cordéis Joseenses no evento teve dois momentos: i) acompanhamento das atividades de acolhida e integração, registradas em cordel; ii) orientação da criação de poema coletivo em métrica de cordel, vinculado ao tema proposto aos jovens.
     Destacamos dois pontos, no que se refere à participação dos jovens no evento: i) a participação foi majoritariamente feminina (os meninos apresentaram maior tendência à dispersão, enquanto as meninas participaram ativamente); ii) quase todos os participantes apresentavam idades entre 8 e 12 anos, ou seja, a participação infantil superou em muito a dos adolescentes. 
     Seguem os poemas compostos:

INTEGRAÇÃO

- Você veio aqui pra que?
Pode agora responder.
- Eu não tô fazendo nada;
 vim aqui só pra comer,
  mas minha amiga me disse:
  temos muito a aprender...

E uma coisa importante
desse nosso aprendizado
é perceber que aprendemos
com o colega do lado
e que acaba, nesse instante,
de nos ser apresentado.

Ouvir é muito importante:
é a primeira condição.
Para aprender e ensinar,
tem que prestar atenção
e perceber o que o outro
tem a ensinar, como não?

Na teia que a gente forma,
todo mundo colabora:
o sentimento de dentro
podemos botar pra fora
e construir a união
dia a dia, hora a hora.

Nossas mãos são diferentes:
são diferentes na cor,
diferentes no tamanho,
diferentes no calor
- mas todas são criativas:
a do aluno e a do doutor.

As diferenças que temos
são positivas pra gente:
o arco-íris é bonito
e é todinho diferente.
Quanto mais cores unidas,
mais belo é o nosso ambiente.


NA ESCOLA

Quando estamos na escola
e queremos aprender,
passamos a aula inteira
estudando pra valer,
escutando a professora
e o que tem a nos dizer.

Quando, no meio da aula,
alguém mostra preconceito,
magoando o coleguinha
sem que tenha esse direito,
isso dói no coração,
pois demonstra desrespeito.

Outros exigem respeito
mas não tem educação:
fazem barulho na aula,
falam muito palavrão
atingindo o professor
no ouvido e no coração.

Se você chuta a parede
ou agride o companheiro,
desperdiçando a merenda
e também nosso dinheiro,
mude logo de atitude:
deixe de ser barraqueiro!

A gente veio aprender,
mas pode conscientizar,
respeitando e dando exemplo
de como compartilhar
um espaço que é de todos
e que pode melhorar.

Temos oportunidade,
com caneta e com papel,
de expressar nossas ideias
escrevendo até cordel.
Somos arco-íris vivo;
nosso bairro é o céu.


CONCLUSÃO

Percebemos que a escola
tem muita diversidade;
cada aluno tem a sua
própria personalidade,
mas calma, que isso não dói:
a diferença constrói,
se existe boa vontade.

Convivência é desafio
que a gente deve encarar
para aproveitar a vida
sem jamais menosprezar
aquele que ainda não sabe
mas, antes que o ano acabe,
muito vai nos ensinar.


Ao lado de uma professora da escola, o cordelista inicia os trabalhos.
Na mesa, as pesquisadores Vanda Siqueira e Paula Carnevale.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Atentado Inaceitável

No final do mês de março/2018, o ex-presidente Lula viajava em caravana pela região Sul do Brasil quando foi vítima de atentado: três balas atingiram ônibus da caravana. As sextilhas a seguir integram o Cordel ContraGolpe e narram o fato:

Quem me conhece, já sabe:
não estou preso a partidos.
Se vejo que os brasileiros
hoje estão bem divididos,
acho que a culpa é da mídia
a quem muitos dão ouvidos.

Todos sabem que há problemas
na democracia aqui:
fartamente golpeada
(sobre isso já escrevi),
a vocação democrática
foi parar na UTI.

Eis que o Presidente Lula
pela Região Sul andava
e, de cidade em cidade,
cada vez que ele parava,
juntava-se muita gente
pra ouvir o que ele falava.

Mas a sua caravana
por todo o Sul do Brasil
sofreu agressões em série
que o mundo inteiro já viu:
a mídia internacional
tudo isso repercutiu.

Dizem que eram armadilhas
do (des)governo golpista
temendo a força de Lula,
que nasceu sindicalista
e é o líder natural
contra a sanha governista.

Houve apoiador de Lula
que muito se machucou:
saindo de Chapecó, 
uma milícia atacou
e uma pedrada na orelha
Paulo Frateschi levou.

Em Foz do Iguaçu, o padre
Idalino Alflen sofreu
pedrada e atropelamento;
mesmo assim, não se abateu.
Mostrando calma e grandeza,
assim ele respondeu:

“Não é pela violência
que o Brasil vai melhorar;
é preciso educação
e aprender a respeitar
a nossa democracia.
É preciso serenar.”

As milícias contra Lula,
sempre que ele ia falar,
soltavam rojões e fogos
para assim atrapalhar
o presidente, que ria:
“Eu chego a me emocionar!”

Furaram os pneus dos ônibus
para atrasar a viagem,
porém os apoiadores
de Lula abriam passagem
enfrentando pedras, paus
e chicotes – que coragem!

Quem ia na caravana
teve a maior agonia
com a covarde emboscada
quando terminava o dia
em Laranjeiras do Sul
- atentado, quem diria!?

Foram disparados tiros
contra toda a caravana,
em atitude covarde
de gente muito sacana
que pensa que pode tudo
só porque tem muita grana.

Em seu discurso diário,
pouco antes do atentado,
desenvolvimento agrário
Lula havia enfatizado:
“Terreno de quilombolas
tem que ser legalizado!”

Um ônibus recebeu
2 tiros, sendo um frontal;
o outro levou uma bala
que atingiu a lateral.
Não houve nenhum ferido,
mas podia acabar mal.

Os ônibus, além disso,
tiveram os pneus furados
pelos ditos miguelitos
- são pregos entrelaçados
que, confirmando a emboscada,
na estrada estavam jogados.

As suspeitas são diversas,
mas, encabeçando a lista
de hipóteses, há quem diga
que ação assim extremista
vem de bandidos bancados
pela máfia ruralista.

Isso foi no Paraná,
cujo governo tucano
transformou sua PM
num pelotão desumano
que agride até professores,
entra ano e sai ano.

Justamente esse governo
recusou dar segurança
à caravana de Lula,
que em si carrega a esperança
de um povo simples e honesto
que acredita na mudança.

O Movimento Sem Terra
escoltava o presidente
durante todo o trajeto,
com gente atrás e na frente,
mas, pouco antes do atentado,
houve curioso incidente:

O comando da PM
do Paraná disse "não"
ao povo do MST,
proibindo seu busão.
Daquele instante em diante
não houve mais proteção.

Abriu-se então o caminho
para aqueles que miraram
contra a comitiva inteira
e, sem pudor, atiraram;
se não mataram ninguém,
a lataria acertaram.

O governador paulista
foi leviano: afirmou
que o PT, levando tiros,
“só colhia o que plantou”
- Alckmin apanhou de Lula
nas urnas; não perdoou...

A senadora Ana Amélia
aplaudiu a violência,
parabenizando aqueles
que agrediram com demência
e até deram chicotadas
em lulistas, sem clemência.

A fala da senadora
ganhou espaço em jornais.
Discursos assim agravam
os conflitos sociais.
Decoro parlamentar?
Pelo visto, não há mais.

O delegado incumbido
de apurar a ocorrência
dos disparos contra Lula
cometeu uma imprudência,
sendo afastado do caso
por essa inconveniência:

 “Disparos de armas de fogo
foram feitos”, afirmou,
“contra os ônibus de Lula”,
à imprensa ele contou.
“Tentativa de homicídio”,
foi como classificou.

Eis que o Paraná puniu
tamanha sinceridade:
afastou-se o delegado
por ter dito essa verdade
que irritou o tucanato
da alta sociedade.

Esses fatos lastimáveis
no cordel vim registrar
esperando que a Justiça
seja feita sem tardar,
pois um ato assim tão grave
não se pode tolerar.

Se você vota em político
de esquerda, centro ou direita,
não importa a preferência,
uma escolha há de ser feita:
estejamos todos juntos.
Nazismo aqui não se aceita!

P eço a todos união;
B em sei que a gente é capaz.
A perseguição não pode
R eceber qualquer cartaz.
J untos, hoje, pela Vida,
A manhã teremos paz.