Varal de Cordéis Joseenses

Contato: prbarja@gmail.com

(Sugestões de temas são bem vindas!)



segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Cordel da Cigarra e da Formiga (P.R.Barja)


Após a apresentação cantofalada de um certo texto meu, lá na E. E. Francisco Lopes de Azevedo (registrado em vídeo, dentro das atividades do programa Mais Cultura na Escola), algumas pessoas têm solicitado o poema (que futuramente penso em incluir num novo livro-coletânea de Cordéis Joseenses). Assim sendo, publico por aqui minha versão cordelística da fábula da Cigarra e da Formiga:



P.S.: Vai com especial carinho para uma cigarra-professora chamada Anete...!

domingo, 23 de novembro de 2014

Mais Cultura na Escola - VÍDEOS


Seguem vídeos que registram parte das atividades desenvolvidas na parceria Cordéis Joseenses - Escola Estadual Francisco Lopes (São José dos Campos), no âmbito do programa Mais Cultura na Escola (MEC/MinC):







segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Cordel Joseense 52: Terra Viva, Água Também


Numa parceria entre a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de São José dos Campos (SEMEA), os Cordéis Joseenses e a UNIVAP, no início de dezembro será lançado o Cordel Joseense 52. Trata-se da versão revisada/ampliada (e impressa) de uma composição coletiva realizada durante um encontro de formação de educadores ambientais, na SEMEA, em novembro/2014. Segue a arte do cordel (incluindo os parceiros da iniciativa) e, a seguir, o texto completo:



No século XXI,
com “avanço sem igual”,
nós vivemos um problema:
consumismo ambiental.
Tudo vem da natureza:
o que fazer, afinal?

Nós criamos os problemas;
temos que achar solução.
Os filhos dos nossos filhos
será que conhecerão
tantas nascentes e rios
ou sua falta sentirão?

A Terra é um sistema vivo:
o que você gasta aí
daqui a pouco, meu amigo,
pode fazer falta aqui.
O mundo dá muitas voltas:
desmata aqui, seca ali.

Muita gente se preocupa
com o meio ambiente.
Nós somos feitos de água:
a água vive na gente
- até por isso, é preciso
um consumo consciente.

Além da água, é a terra
que sempre nos alimenta;
com planta, fruto e semente,
é ela que nos sustenta.
Com respeito e sem veneno,
a nossa saúde aumenta.

Natureza não tem “lixo”:
é um sistema equilibrado.
A Natureza é um ciclo
que não pode ser quebrado.
Cascas, folhas, essas “sobras”
- tudo é reaproveitado.

Cultura é agricultura:
precisamos cultivar
com a generosidade
de saber compartilhar;
cada informação que temos
nós devemos semear.

A responsabilidade
também é compartilhada:
se a torneira fica aberta,
a água é desperdiçada
e a seca é o primeiro alerta
da terra desrespeitada.

Deixo agora meu recado
a você, Dona Maria:
a água com que você
lava o carro e enche a pia
é a mesma que, no solo,
alimenta nosso dia.

Temos que reconhecer
a verdade que desponta:
se o ar está poluído,
é porque o homem “apronta”...
terra viva, água também
- tudo está por nossa conta.

E, pra alertar as pessoas,
use a imaginação:
tem cordel, jornal-mural
- isso é comunicação.
Moramos todos na Terra...
vivamos em comunhão!

– Paulo Barja
e oficineiros
SEMEA / PEAAF

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A Peleja das Mulheres Contra o Monstro do Machismo (Mais Cultura Na Escola)


Finalizamos hoje as atividades de 2014 no Programa Mais Cultura na Escola na Escola Estadual Francisco Lopes, no Jardim Satélite, São José dos Campos. Trata-se de um programa do governo federal que tem permitido esta interação entre o professor-cordelista da Univap e a referida escola. Através do projeto que estamos desenvolvendo, alunos de Ensino Médio têm contato com obras da literatura de cordel e são orientados em criações coletivas neste formato literário. A moçada deu o tema e acho que fechamos bem o ano, vejam só:


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Cordel e Meio Ambiente

Sábado passado (8/11), como atividade da parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente de São José dos Campos (SEMEA) e a UNIVAP, ministramos uma Oficina de Cordel para a formação de agentes de educação popular na área ambiental/agroecológica. Clique AQUI para ler matéria completa a respeito.


Cordéis Joseenses: sensibilização dos alunos para a criação coletiva
(foto: PMSJC)

Finalização da Oficina de Cordel com produção de texto coletivo
(foto: PMSJC)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Cordel Joseense 51: Brasil é Democracia (Ditadura? Nunca mais!)



Paulo Barja,
LabCom Univap
Quando me pego pensando
no Brasil que havia antes,
quando muitos não podiam
nem sequer ser estudantes,
percebo, ao longo da História,
mudanças interessantes.

O Brasil, por muito tempo,
reprimiu a liberdade
de cidadãos que buscavam
melhorar a sociedade;
alguns partiram pro exílio
ou pra clandestinidade.

Na noite de duas décadas,
muita gente sucumbiu
por querer democracia
aqui mesmo, no Brasil.
Página triste da História:
só não teme quem não viu.

A verdade é uma só:
foi cruel a ditadura!
Tanto o povo quanto artistas
foram alvo de censura.
Pior: muito brasileiro
foi vítima de tortura.

Havia tensão constante.
Figueiredo foi falar
de abertura democrática:
"vou prender e arrebentar"
- era assim que se expressava
presidente militar...

Veio então democracia:
a vida já melhorava,
mas a velha corrupção
ainda continuava...
Investigações mais sérias
o governo engavetava.

Dezenas de gravações:
compra de votos provada.
Na onda da reeleição,
privatização errada:
a Vale valia muito
e se foi, de mão beijada...

Para agradar estrangeiros,
quiseram colocar “X”
no nome da Petrobras,
desrespeitando o país,
mas o povo protestou
e dessa vez foi feliz.

No século XXI,
novidade surpreendente:
o Brasil passou a ter
o operário presidente
que fez acordo com muitos
e encarou outros de frente.

Mudou o nosso comércio:
estreitou, enfim, contato
com los hermanos e a África.
Sem fazer espalhafato,
o nosso salário mínimo
com ele cresceu de fato.

Depois de ser reeleito
com imensa votação,
o seu governo enfrentou
denúncias da oposição
e a Justiça, até sem provas (!?)
emitiu condenação.

Nós seguimos sempre em frente;
não há controvérsia nisso.
Nos problemas que encontramos
não queremos "dar sumiço":
encarar pra resolver
é melhor que ser omisso.

Quando enfim uma mulher
assumiu a presidência,
a Polícia Federal
mostrou grande independência:
muitas investigações,
transparência, eficiência.

As Comissões da Verdade
têm trazido informação
sobre os desaparecidos
nos tempos da escuridão
que manchou a nossa História
causando consternação.

Cada passo é novo estágio
para o amadurecimento.
Os problemas do passado
não se encerram num momento,
mas a nossa consciência
já tem encontrado alento.

Quanto à inclusão social,
não é mais "alegoria":
temos hoje mais emprego,
mais lazer e moradia.
Falta, porém, muito ainda
pra clarear nosso dia.

Temos universidades
muito boas, afinal;
falta, porém, melhorar
o ensino fundamental
para assim desenvolver
consciência nacional.

Um problema grave ainda:
o poder da grande imprensa
nas mãos de poucas famílias
- a distorção é imensa.
Regulamentar a mídia
será uma batalha intensa!

Falta reforma política,
uma importante demanda;
lutar contra a corrupção
(senão o país não anda);
combater o preconceito
- luta que nunca foi branda.

Uma coisa é evidente
pra mim, até por demais:
ruas praças e avenidas
nas casas e nos quintais,
BRASIL É DEMOCRACIA;
DITADURA NUNCA MAIS!

S. José dos Campos,
Nov/2014

domingo, 2 de novembro de 2014

Cordel Joseense 50: Um Cordel Agroecológico




Foi há mais de 10.000 anos
que nasceu a agricultura;
no ínício, convencional,
talvez sem muita fartura
- mas havia menos fome
e a comida era mais pura.

Após a Segunda Guerra,
a “Verde Revolução”
parecia para muitos
caminho pra solução,
mas se mostrou, na verdade,
uma grave imposição.

Empresas e até governos
venderam “modernidade”:
agrotóxico e trator
vieram da urbanidade;
fizeram do agricultor
um escravo da cidade.

Um dos problemas mais sérios:
semente patenteada!
É uma armadilha perversa
- deixa a produção atada
às grandes corporações
da iniciativa privada.

Para se tornar “moderno”,
o agricultor foi ao banco
para contrair empréstimos,
mas eu tenho que ser franco:
tome cuidado, meu povo,
pra não passar cheque em branco!

Com tanta tecnologia,
houve o endividamento,
gerando em muitas famílias
do campo um novo lamento
- e fugir para a cidade
aumentava o sofrimento:

moradia inadequada
sem espaço pra plantar;
custo social bem alto
- é preciso repensar!
(sem haver reforma agrária,
     isso não vai melhorar)

Para virar esse jogo,
surge a AGROECOLOGIA
respeitando a tradição
e a força do dia-a-dia:
caminho reconhecido
pela Sociologia.

Caminho autossustentável
com menos insumo externo
garante a independência
no verão como no inverno.
Produção menor, quem sabe,
Mas com equilíbrio interno.

                         P ara manter a saúde,
                         B em como o meio ambiente,
                         A groecologia chega
                         R espeitando corpo e mente:
                         J untando, com harmonia,
                         A Natureza e a gente!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

sábado, 23 de agosto de 2014

Cordéis Joseenses em Cena (1)



Uma das escolas estaduais em que me apresentei hoje fica num bairro de periferia. Sempre é bom estar por lá. O "camarim improvisado" foi a cozinha da escola. Após a apresentação, as duas cozinheiras pedem pra ver os cordéis e conversamos bastante. Interessam-se pelo cordel "A Lenda do Galo"; explico que é uma lenda medieval portuguesa e uma delas diz:

- É a lenda do Galo de Barcelos? Eu conheço! Escuta, os cordéis estão à venda?

- Sim. 

- Quanto custa?

- Um por R$3, dois por R$5.

A outra cozinheira fica olhando e fala:

- Legal, né? Puxa... (ela está sem dinheiro)

A primeira me estende o dinheiro, escolhe um e diz pra outra:

- Qual você gostou? Escolhe um, é presente! 

A amiga pega "A Lenda do Galo".

E eu ganho meu dia, encantado por essas moças que são as verdadeiras artistas.

Quem duvida, prove o arroz doce de lá...!

A direção da escola levou esse texto pras homenageadas...
As artistas culinárias, com uma cópia do texto

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Sextilhas para João Bosco

(se ele falasse...)

Eis que o velho João Bosco,
que viveu sempre em Guará,
partiu, na maturidade,
pegou estrada e de lá
veio sereno, tranquilo,
rodar nas bandas de cá.

Esse operário das ruas
tem histórias, com certeza,
que ainda serão contadas
por certo, em volta da mesa
de algum bar (talvez boteco)
bem aqui da redondeza.

João Bosco, quem diria:
tens nova cidadania!
Meu amigo Luciano
saberá ler-te a poesia
e te conduzir, seguro,
nos rumos do dia-a-dia.

É com essa confiança
que digo: sigam em frente!
Deixo aos dois o meu abraço
com um pedido somente:
cuidem da manutenção...
fusca velho é também gente!

(Paulo Barja)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Para Catulo (o romano)


SEXTILHA PARA CATULO

Faz muito tempo, meu povo
- para lá de 2 mil anos -
que esse mestre da poesia
floresceu entre os romanos;
apresento-lhes CATULO
e seus versos soberanos!

(Paulo Barja)


FRAGMENTO 5
(Catulo, na tradução de Haroldo de Campos)

Vivamos minha Lésbia, e nos amemos,
e as graves vozes velhas - todas -
valham para nós menos que um vintém.
Os sóis podem morrer e renascer:
quando se apaga nosso fogo breve
dormimos uma noite infinita.
Dá-me pois mil beijos, e mais cem,
e mil, e cem, e mil, e mil e cem.
Quando somarmos muitas vezes mil
misturaremos tudo até perder a conta:
que a inveja não ponha o olho de agouro
no assombro de uma tal soma de beijos.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Suassuna foi pro céu (sextilhas de Paulo Barja)


Neste 23 de julho,
Suassuna foi pro céu.
A Compadecida, ao vê-lo,
fez o maior escarcéu:
"Eis que chega mais um cabra
  que sempre amou bom cordel!"

"Amei cordel e soneto; 
 mais que tudo, amei meu povo
 e o sertão que me inspirou
 a fazer teatro novo;
 com a força Armorial 
 até hoje me comovo."

"Chego bem, venho tranquilo,
 não pedi nenhum socorro.
 Testamento do escritor
 não é como o do cachorro:
 sei que as minhas obras ficam
 mesmo bem depois que morro." 

O sertão fica mais pobre,
mas o céu fica mais rico:
Ariano Suassuna,
nas asas de um tico-tico,
foi visitar Rubem Alves
e acabou dizendo: eu fico.

Juntos viram João Ubaldo
e outro Poeta querido.
Essa feira literária
vem causar grande alarido:
com escritor de primeira
eis que o céu tá bem servido!

Estou certo de que o céu
nem se abrisse um edital
conseguiria uma equipe
de tanta força e astral
para compor a mais nova
redação celestial.

Com esse rol de escritores
de talento extraordinário,
o Brasil, em verso e prosa,
enriquece o relicário,
tornando assim nosso céu
cada vez mais literário.
(Paulo Roxo Barja)

sábado, 5 de julho de 2014

A REGINALDO POETA


Um amigo, quando parte
por fios que o destino tece,
deixa em nós doce presença
que nos conforta e aquece.
Dentro de nós, para sempre
sua essência permanece!

Peço a benção, Reginaldo
Poeta de todos nós:
teu olhar nos fez melhores,
teu sorriso e tua voz
seguem junto com teus versos:
jamais estaremos sós!

P.R.Barja

Consciência (sextilhas)


Quando nasce a consciência,
isso é individual.
Pode parecer pequeno, 
pode parecer banal,
mas quem pensa desse jeito
chega a ser quase imoral

pois é ela, a consciência,
com seu pendor voluntário,
que toca outras consciências
em gesto extraordinário
e esse mar de consciências
é o mar revolucionário.

(Paulo Barja)

domingo, 29 de junho de 2014

Cordel: Costa Rica e Grécia


COSTA RICA x GRÉCIA

Costa Rica venceu Grécia
num jogo surpreendente.
Marcou o primeiro gol,
mas ficou com menos gente:
foi expulso o jogador
que tinha a cabeça quente...!

No segundo tempo inteiro,
Costa Rica só com dez.
Eu, que já estava nervoso,
tomei dois ou três cafés
- e a Grécia ia pra frente
com chutes e pontapés.

Quase no final do jogo
é que um dos gregos chutou
e a bola, bem lentamente,
foi rolando até o gol.
Festa grega na torcida:
a seleção empatou!

Nesses casos, já se sabe:
tem que haver prorrogação.
O público estava quieto
de tanta preocupação,
mas ninguém marcou mais gol,
ficando aberta a questão.

A decisão, meus amigos,
foi pros pênaltis, no fim.
Todos iam acertando.
Seguia o suspense... enfim,
o arqueiro da Costa Rica
pegou pênalti: aí sim!

Venceu quem era melhor;
a minha aposta ganhei.
Quanto à seleção da Grécia,
disse o treinador: "tentei
implantar filosofia,
mas só sei que nada sei..."
Paulo R. Barja